A relevância da função continente em um processo terapêutico com limite temporal

Resumo

Uma psicoterapia de orientação psicanalítica é um processo singular e que segue com cautela o tempo do paciente. Em diversos casos, é possível que haja uma limitação em relação ao tempo do tratamento – seja por motivos internos, externos, do paciente ou do terapeuta. Tais limitações podem gerar uma impressão, seja na dupla, seja em um entre os dois, de que a psicoterapia não obteve nenhum resultado ou não causou nenhum efeito terapêutico. Este sentimento pode estar presente em psicoterapeutas iniciantes ou mais experientes, assim como em pacientes que realizaram este processo por um longo período, ou aqueles que estão experimentando-o pela primeira vez. Este artigo busca, através de uma revisão de literatura, jogar luz sob aspectos que demonstram os benefícios que uma psicoterapia pode causar em um paciente, mesmo que com uma limitação temporal. Existem inúmeros pontos que podem servir de base para enxergar o que há de ganhos terapêuticos em uma psicoterapia, mesmo que em um recorte de tempo reduzido. Neste estudo, busca-se explorar o conceito de função Continente, que Bion nomeou e que tantos outros autores e psicoterapeutas estudaram e seguem estudando. Será o foco do estudo observar como esta função traz um relevante impacto para os pacientes. Pois é a partir desta experiência, a de ajuda na compreensão de sentimentos que ainda não possuem significado, que há uma transformação importante. Este artigo pretende, além da revisão de literatura, promover uma compreensão a partir de vinhetas clínicas que podem demonstrar o quão relevante a função Continente pode ser para um indivíduo. E assim, entender que, mesmo com um limite temporal em uma psicoterapia, este processo, se acompanhado da função Continente do terapeuta, continuará reverberando no paciente. Ou seja, a relevância de experimentar a função Continente não só é enorme, como também é contínua.